Síndrome de Burnout durante a residência médica: perfil epidemiológico e estratégias de intervenção.

Abstract

Introdução: A Síndrome de Burnout é um problema mundial emergente, caracterizada por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal. Ainda não existem critérios que determinam objetivamente o diagnóstico, devendo-se realizar a anamnese e o questionário Maslach Burnout Inventory (MBI). A residência médica, modalidade de ensino de pós-graduação, é considerada o padrão-ouro da capacitação profissional. Os médicos, especialmente os residentes, estão expostos a circunstâncias de estresse na prática diária, como a sobrecarga de trabalho, e são vulneráveis ao esgotamento físico e mental. Objetivo: Compreender a Síndrome de Burnout, descrever a prevalência e os fatores associados nos médicos residentes, suas consequências e estratégias de manejo. Metodologia: Realizou-se uma revisão bibliográfica, com pesquisa em livros-texto e nas bases de dados PubMed/MEDLINE, LILACS, SciELO e Google Scholar, entre 1980 e 2020, sendo utilizadas 69 referências. Resultados e discussão: A Síndrome de Burnout surge da cronificação de fatores estressores e da falha/ausência de métodos de enfrentamento. Dentre os médicos residentes, a prevalência excedeu 50%, o que reflete na qualidade de vida do médico, na assistência ao paciente e no sistema de saúde. Características sociodemográficas, como excesso de trabalho; alguns traços de personalidade; remuneração inadequada; sono insuficiente e poucos momentos de lazer; bem como gênero, estado civil, estrutura familiar e ano do programa de residência são possíveis fatores de risco. Em conformidade com sua etiologia multifatorial, o manejo deve envolver intervenções em nível individual e coletivo. Intervenções individuais incluem aspectos biopsicossociais, como melhoria de hábitos de vida, construção de habilidades, melhora do relacionamento social, oportunidades de aprendizagem, prática de mindfulness (atenção plena). Intervenções organizacionais incluem oferecimento de coaching (treinamento) no programa de residência, implementação de melhorias no ambiente laboral e na remuneração. Conclusão: Este trabalho possibilitou uma reflexão sobre o tema e demonstrou a realidade dos médicos residentes. Propõe-se a mensuração periódica do esgotamento físico e mental, a educação em saúde do trabalho durante a graduação e a residência, o desenvolvimento de redes de apoio social. São necessários mais estudos longitudinais em diferentes cenários.