Situação epidemiológica da leishmaniose visceral no estado do Ceará (2001 a 2020).

Abstract

A leishmaniose visceral (LV) é uma das antropozoonoses transmitidas por vetores dípteros de grande relevância epidemiológica no mundo e está associada à infecção por protozoários do gênero Leishmania, sendo mais frequente a infecção por espécies do tipo L. donovani e L. infantum, acometendo pessoas de regiões de baixa renda e de países em vias de desenvolvimento, sendo considerada, portanto, como uma doença negligenciada. Por essa razão, essa enfermidade acomete pessoas em situação de maior vulnerabilidade social, residente em áreas carentes onde a infraestrutura social de saúde, educação e saneamento é precária. De acordo com a OMS, a LV é uma das formas mais graves das leishmanioses, podendo ser fatal se não for diagnosticada oportunamente e tratada de forma adequada. É endêmica em doze (12) países das Américas, com uma média anual de 3.518 novos casos a cada ano. O HIV e a leishmaniose causam imunossupressão nos indivíduos infectados e, quando juntos no mesmo organismo, potencializam a desestabilização do sistema imunológico, aumentando as chances de o indivíduo adoecer. A região Nordeste é, em relação às demais regiões do país, a que registra o maior número de casos de LV-HIV, tendo o estado do Ceará como um dos estados com mais registros, ficando atrás apenas do estado do Maranhão. O objetivo deste trabalho é analisar os dados de LV com coinfecção de HIV no estado do Ceará no período entre 2013 e 2019, bem como lançar luz, a partir da análise dos dados, sobre a importância dos sistemas de notificação e informação sobre leishmaniose assim como da relevância de existência de ações multidisciplinares para o controle e profilaxia da doença. Para fins de recorte descritivo, o presente trabalho apresenta a situação do estado, e mais precisamente analisa os dados de casos confirmados por divisão administrativa por divisão municipal de notificação.