Estudo retrospectivo de abril de 2021 a abril de 2022 de cães com pancreatite aguda associado à injúria renal aguda em uma clínica de intensivismo no Distrito Federal.

Abstract

A Pancreatite Aguda é uma doença bastante comum na Medicina Veterinária, possui sinais clínicos inespecíficos, o que ainda dificulta o seu diagnóstico. Se não tratada corretamente pode progredir para sua forma severa, com o desenvolvimento da Injúria Renal Aguda (IRA), que está associada a um prognóstico ruim, aumentando a mortalidade dos pacientes significativamente. Tanto na medicina humana quanto na veterinária, existem poucos estudos relacionando essas comorbidades. O objetivo desta pesquisa foi avaliar os pacientes caninos acometidos com Pancreatite Aguda (PA) e que vieram a desenvolver Injúria Renal Aguda, com relação a faixa etária, sexo dos animais mais acometidos, prognóstico e taxa de mortalidade. Foram avaliados dados de 28 cães diagnosticados com Pancreatite Aguda entre o período de abril de 2021 a abril de 2022. Os resultados demonstraram que as fêmeas foram mais acometidas pela Pancreatite Aguda, 75% delas (21/28), além da maior parte dos pacientes ter entre 7 e 17 anos de idade, 96% (27/28), em sua grande maioria 85,7% (24/28), esterilizados. Os pacientes internados com PA e posteriormente diagnosticados com IRA tiveram uma taxa maior de óbito 66,6% (8/12) do que aqueles que não desenvolveram a comorbidade 37,5% (3/8). Grande parte dos cães desenvolveu grau de IRA moderado a grave 91,7% (13/26), de acordo com o critério de classificação da Injúria Renal Aguda da Sociedade Internacional de Interesse Renal. O grau de classificação também está associado à mortalidade: a maioria dos pacientes Grau III veio a óbito 62,5% (5/8), e todos os pacientes Grau IV morreram, enquanto que o paciente com Grau II recebeu alta médica. Mais machos desenvolveram a Injúria Renal Aguda do que fêmeas, 66,7% (4/6) e 55% (11/20) respectivamente. A taxa de mortalidade dos machos com pancreatite que desenvolveram IRA foi de 75% (3/4), maior que a taxa de mortalidade das fêmeas, 62,5% (5/8). Com base nos dados, pode-se observar que os cães acometidos com pancreatite, e que vêm a desenvolver IRA, tiveram um pior prognóstico. Pacientes que desenvolvem grau moderado a grave de injúria renal tiveram aumento na mortalidade. Além disso, machos mostraram ter pior prognóstico se acometidos com PA e IRA concomitantemente.