Favela e futuro: uma intervenção urbana com o conceito de cidades inteligentes.

Abstract

No final do século XX surgiu a visão de cidades onde a conectividade digital permeava todos os aspectos da vida urbana, o que viria a se tornar futuramente o conceito de cidades inteligentes. Historicamente, as cidades que lideraram a adoção de soluções tecnológicas avançadas foram aquelas com maiores recursos financeiros e infraestrutura já estabelecida, criando uma visão de que apenas as cidades mais desenvolvidas têm capacidade de implementar iniciativas “inteligentes”. Diante deste contexto, este artigo visa contribuir para debate a partir da seguinte indagação: pode uma intervenção urbana inteligente contribuir para o desenvolvimento sustentável em favelas? Para esta reflexão foi escolhida a região do Sol Nascente, cuja desigualdade social e econômica relaciona-se com a produção do espaço, resultante de uma expansão fragmentada do Distrito Federal. O Distrito Federal é caracterizado pela separação das classes sociais à longas distâncias, resultando em diferentes ofertas de infraestrutura e serviços públicos, impactando diretamente na qualidade de vida da população. Para este estudo, analisou-se a formação do DF por meio de mapas, além de geoprocessamento de dados do Censo IBGE 2022, à luz da bibliografia especializada. O objetivo deste artigo é debater o conceito de cidades inteligentes e sua aplicabilidade em favelas, analisando a viabilidade de aplicação de infraestrutura inteligente e as potencialidades das comunidades, como recursos locais, culturais, históricos e econômicos. Como resultado, procura-se apontar a importância de adotar medidas tecnológicas e direcionar os recursos de forma centrada no cidadão, compreendendo e valorizando a sua participação em todos os processos. Desta forma, vislumbra-se introduzir novas soluções com vantagens tecnológicas em intervenções urbanas, assegurando uma otimização de recursos e melhor qualidade de vida para a população.