O acolher do esquecido: reflexões sobre o exercício da parentalidade no autismo.

Abstract

Ao receber o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista do filho, os pais se reorganizam, a fim de oferecer melhores tratamentos, afastando-se do equilíbrio entre acolher suas necessidades e atender às necessidades do filho. Objetiva-se, então, compreender as percepções desses pais frente à construção da parentalidade no autismo. Através de uma pesquisa-ação, de cunho descritivo com análise transversal, sob abordagem qualitativa. Os participantes da pesquisa foram pais de crianças autistas em tratamento numa clínica de reabilitação em neurologia infantil, localizada no Distrito Federal. A coleta de dados se desenvolveu em cinco etapas: 1) formulário de inscrição; 2) questionário online com questões sociodemográficas e questões sobre percepções frente à parentalidade no autismo; 3) aplicação da Escala de Sobrecarga dos Familiares - FBIS-BR; 4) condução do grupo focal; 5) aplicação do questionário virtual para colher as percepções sobre o encontro grupal. Identificou-se níveis elevados de sobrecarga; sentimentos de solidão, exaustão, inseguranças, culpa e anseios por não saber lidar com os filhos; observou-se a prevalência da mulher no papel de cuidado, permitindo despontar discussões sobre os aspectos do cuidado em detrimento do gênero; notou-se a necessidade de investigar novas dimensões de cuidado que reconheçam o adoecimento familiar em sua totalidade.