O uso do ácido tranexâmico na profilaxia de hemorragia pós-parto.

Abstract

Introdução: A hemorragia pós-parto (HPP) é um problema muito prevalente, sendo a principal causa de morte materna no mundo e possuindo taxas de letalidade semelhantes às de pré-eclâmpsia e eclampsia. Sobretudo, é considerada uma morte evitável, e isso explica os inúmeros experimentos conduzidos para se chegar à intervenção ideal em se tratando desses casos. Nesse cenário, uma das intervenções estudada na literatura atual é o uso do ácido tranexâmico (AT) na profilaxia da HPP. Esse método de tratamento mostra-se promissor e factível para ser utilizado em grande escala, além de demonstrar-se segura e eficaz. Objetivos: Avaliar a eficácia do AT como forma de profilaxia à HPP. Métodos: A condução desse estudo foi realizada por meio de revisão de literatura relacionando o uso do AT na profilaxia da HPP, lançando mão do estudo aprofundado de livros texto da área, revisões bibliográficas, estudos, guidelines e artigos produzidos, utilizando as bases de dados Scielo, Medline, PubMed, NCBI e The Cochrane Library com os descritores: “Hemorragia pós-parto”, “Hemorragia post parto”, “Postpartum Haemorrhage”, “Ácido tranexâmico”, “Tranexamic acid”, “Profilaxia”, como meios para alcançar os objetivos traçados neste trabalho. Para atingir este fim, foram utilizados os seguintes critérios de elegibilidade para o estudo: estudos como ensaios clínicos randomizados e revisão de literatura, conduzidos entre os anos de 2005 a 2020 que possuam uma metodologia confiável, em português, inglês ou espanhol; além dos seguintes critérios de exclusão para o estudo: estudos realizados anteriormente a 2005 ou que não foram conduzidos de forma adequada, além daqueles que não se correlacionem com a intervenção do AT e a HPP. Resultados e discussão: O AT é um agente antifibrinolítico e anti- hemorrágico utilizado em diversas áreas da medicina com a finalidade de conter sangramentos, tanto no momento intra, quanto no momento pós-operatório. Seu mecanismo de ação é baseado na prevenção da quebra de fibrina e na coagulação sanguínea. No contexto da ginecologia e obstetrícia, o AT é um agente que atua nos mecanismos de contenção da perda sanguínea no ambiente cirúrgico, mostrando-se uma adição importante na profilaxia da HPP. Ele deve ser utilizado em todos os casos de HPP, independentemente do fator desencadeador do sangramento, desde que a intervenção seja feita no limite de 3 horas após o nascimento e que a paciente não possua alguma trombofilia. Além disso, percebe-se que o atraso no uso do AT pode reduzir consideravelmente o benefício, apresentando uma diminuição de 10% para cada atraso de 15 minutos. Conclusão: A análise dos artigos referenciados neste estudo confirmou que a administração do AT deve ser considerada como uma importante adição às intervenções que já são amplamente difundidas como tratamento e profilaxia padrão da HPP, sabendo-se que essas condutas devem ser feitas de maneira gradativa e sequencial, partindo das menos invasivas até as mais invasivas, de acordo com a necessidade de cada caso. Para que essa implementação aconteça de fato, é imprescindível que todos os centros de saúde reconheçam o potencial do AT como ferramenta profilática e terapêutica, disponibilizando o seu uso de forma universal e integralizada.