Dieta cetogênica: uma potencial terapia para a doença de Alzheimer.

Abstract

A doença de Alzheimer (DA) é a uma patologia caráter neurodegenerativo, progressivo e fatal, além de ser a principal causa de doenças demenciais no mundo, acometendo cerca de 50 milhões de pessoas no mundo. Sua etiopatogenia ainda não está totalmente esclarecida, mas sabe-se que ela envolve diversos mecanismos tais como o hipometabolismo, disfunção mitocondrial, inflamação crônica e estresse oxidativo (decorrente de um desequilíbrio entre fatores oxidante e antioxidantes), que ocorrem especialmente nas áreas responsáveis pela memória e cognição. Devido às diversas disfunções metabólicas observadas na DA, há um crescente interesse em estudos abordando metabolismo energético cerebral, em especial os baseados em tratamentos com corpos cetônicos, base fisiológica da dieta cetogênica, que têm demonstrado um grande potencial modulador dos mecanismos fisiopatológicos envolvendo a DA. Dessa forma, esse estudo tem como objetivo apresentar e discutir dados presentes na literatura, que corroboram com a utilização da dieta cetogênica como terapia alternativa solo ou adjuvante na melhora, atenuação e/ou até mesmo o retardo do início dos sinais e sintomas gerados pela doença de Alzheimer. Para realização dessa revisão da literatura foram consultadas referências nas bases de dados Medline, PubMed e Scielo, aplicando-se à pesquisa os descritores ketogenic diet, neuroprotection e Alzheimer’s disease. Foram considerados artigos originais e revisões de literatura free access, escritos em língua inglesa e portuguesa, e utilizando como delimitação temporal as publicações nas últimas 2 décadas. Por fim, é possível concluir que ao se analisar alterações fisiopatológicas provocadas pela DA e os diversos efeitos metabólicos benéficos induzido pelo metabolismo dos corpos cetônicos, é possível apontar que a dietoterapia cetogênica pode potencialmente melhorar, atenuar e/ou até mesmo o retardar as neurodegenerações, uma vez que a dieta cetogênica fornece uma fonte energética mais eficiente, induzindo assim a uma maior resistência e melhor capacidade adaptativa aos estresses metabólicos, além de ser capaz de modular a resposta inflamatória e a excitabilidade neuronal, regular a expressão de fatores genéticos e outras diversas funções metabólicas.