Imunologia na Hanseníase: revisão de literatura.

Abstract

A Hanseníase é uma a patologia crônica causada pelo agente Mycobacterium leprae (M. leprae). Apresenta manifestações variadas, caracterizadas por alterações na pele, olhos, mucosas do trato respiratório superior, terminações nervosas livres, troncos nervosos, podendo causar até mesmo deformidades físicas permanentes. A resposta imunológica do ser humano contra o M. leprae define a resistência do corpo à doença e o tempo de incubação no organismo, que pode variar de 2 a 10 anos. Apresenta quatro formas clínicas com evoluções distintas: tuberculoide, indeterminada, dimorfa (ou bordeline) e virchowiana (ou lepromatosa). No Brasil, devido a alta incidência da doença, é necessária a necessidade da criação de políticas públicas direcionadas para a prevenção, diagnóstico e tratamento eficaz dos pacientes. Diante disso, a presente revisão de literatura objetiva conhecer os fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo infectado pelo Mycobaterium leprae, que fazem parte do desenvolvimento de formas clínicas tão variadas. Para obter as informações, foram utilizadas as seguintes bases de dados: PubMed\Medline, Web of Science, SciELO e Lilacs. Observou-se que os macrófagos podem conferir proteção contra o agente. Receptores e moléculas de superfície apresentam diferenças que prejudicam ou exacerbam a sinalização e, por consequência, a ativação de macrófagos, determinando formas clínicas diferentes. Mais estudos devem ser conduzidos para elucidar os mecanismos envolvidos em tais processos, com o intuito de prover melhor tratamento aos pacientes. Além disso, o macrófago também é responsável pela forma que ocorrerá as respostas imunes, haja vista o fato de o sistema inato ser responsável por influenciar na ativação sistema imune adaptativo, constituindo uma via de mão dupla de relação. As células T CD4+, após serem ativadas, podem seguir, novamente, vias de sinalização diferentes que levem a padrões distintos de citocinas produzidas, as quais podem ativar macrófagos ou desencadear produção de anticorpos contra antígenos específicos da bactéria. Os linfócitos T CD4+ Ta1 são associados às formas polares Tuberculoide, enquanto os Ta2 à Lepromatosa, de forma que o rumo desta ativação varia conforme múltiplos fatores que ainda precisam ser esclarecidos a fim de que os profissionais de saúde possam designar tratamento mais direcionado aos seus pacientes. Portanto, faz se necessário que os profissionais de saúde deem a devida importância para os portadores de hanseníase para que, assim, os danos resultantes desta doença não se tornem mais agravantes e irreversíveis, evitando que esta se torne ainda mais estigmatizante.