O uso de analgésicos opioides no manejo da dor crônica no Brasil.

Abstract

Os analgésicos opioides representam a alternativa mais eficiente no tratamento das dores intensas, sendo amplamente utilizados no âmbito mundial. Entretanto, o uso dos opioides não é uma rotina no Brasil, o que contribui para a insatisfação com os resultados do tratamento da dor crônica no país. O objetivo deste trabalho é verificar quantitativa e qualitativamente o consumo de analgésicos opioides no Brasil, bem como explorar os fatores que influenciam a baixa prescrição desses fármacos para o manejo da dor crônica. O presente estudo trata-se de uma revisão narrativa da literatura realizada mediante busca nas principais bases de dados, em que foram selecionados 26 artigos para a construção desta revisão. A partir da análise dos trabalhos, constatou-se um aumento na prescrição de analgésicos opioides entre 2009 e 2015, ainda que a taxa de prescrição permaneça baixa em comparação ao contexto mundial. Evidenciou-se também que o opioide mais prescrito no Brasil é a codeína, e que o uso de outros analgésicos opioides aumentou, como a oxicodona. Entre os fatores que influenciam a baixa prescrição desses medicamentos, foram encontrados: a capacitação deficitária de profissionais da saúde; desafios referentes ao uso em extremos de idade; a hiperalgesia induzida por opioides; o preconceito relacionado ao uso de opioides; e o alto custo desses medicamentos. Por fim, observou-se que há poucos trabalhos publicados sobre essa temática no Brasil e que a indisponibilidade de dados referentes ao consumo de opioides dificulta o estabelecimento de estratégias assertivas para o manejo da dor crônica no Brasil.